31/08/2009

~Uma tal "liberdade".

E lá vinha a menina, tentando desesperadamente dá grandes passos, e ela conseguia, ela conseguia dá passos absurdamente grandes para o tamanho de suas pernas. Ela era uma menina miúda. O mais incrível era tentar acompanhá-la na rua enquanto ela caminhava aborrecida.
Sim, aborrecida.
Raramente podia-se ver Clementina sorrindo.
"Oh querida, oh querida, oh querida Clementina..."
Cantavam as crianças em coro quando a pobre criança desnutrida passava entre elas.
Talvez se explicasse aí o motivo de tanta raiva e de passos tão largos.
"Me chamo Cléo!!" Respondia com aflição e caminhava para casa.
Certamente a mãe da criança não penssara nas brincadeiras chatas que as crianças das casas vizinhas fariam ao pronunciar o nome da sua filha. Sua pequena e delicada princesinha.
"Não tenho nada de princesa!" Afirmava, "Sou pequena e feia, e ainda tenho um nome desses!"
A mãe da menina sorria, o que a aborrecia ainda mais!
Preferia sair sozinha que ter que encarar outras crianças.
Em casa a infância era boa, lá ela não precisava ser "Cléo", não precisava ser grande ou mais gorda como maior parte das crianças rechonchudas da vizinhança, ela era apensas uma criança, sem rótulos.
Em casa a menina era livre.
Tal sensação de liberdade era indescritível! Era pura,era quente e era gratuita. Era como uma recompensa de todas as brincadeiras de mal gosto que ela tinha que ouvir durante o dia, dia após dia.
Os dias passavam e as criançam cresciam, como por um castigo a pequena Clementina continuava, magra, pequena, desnutrida. Apenas em casa era ela mesma, apenas em casa podia na sua pequenez ser grande e bonita.
Mais dias passaram, acumularam-se na vida da pequena e ela não acumulou muito mais que isso. Apenas tempo, minutos, horas, dias...
A cada dia ela podia experimentar uma nova sensação, um dia sentia-se criança, num outro sentia-se viva...
Até que o tempo lhe tirou a infância, a pequenez, a magreza e as brincadeiras dos vizinhos que tanto lhe aborreciam. Clementina crescera. Seu noma não mais a incomodava, então ela pode experimentar a liberdade, mesmo que tardia.

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