23/06/2010

~~Real.

Eu sei que me pronunciei num momento inoportuno, e que ousei mencionar palavras e frases de dicórdia. Tentei concertar meus erros como uma criança tola que risca a parede diariamente com um lápis de cor e usa uma borracha para apagar os borrões, sendo que a sujeira aumenta cada vez mais. Tentei meio que desesperadamente apagar cada uma das letas existentes em minhas frases, depois vendo que seria impossível me empenhei a reposicioná-las, mas sempre sobra uma letra ou outra que por sua vez formam novamente mais palavras inapropiadas para o ato de pronúncia. 
Calei-me por fim. 
Limitei-me a ouvir um tiroteio de palavras afiadas em minha direção. Porém, não me senti incomodada.
A única vontade que pude sentir foi a de sair por essas portas pra não mais voltar, não mais olhar pra trás ou me permitir haver qualquer arrependimento. 
Não o fiz.
Permaneci calada com os olhos fixos no teto. Na verdade não doeu mais ouvir que falar.
E como se estivesse se tornado difícil respirar eu encarei seus olhos num escuro absurdo e ouvia a sua respiração entrecortada.
Pronunciei algo que me pareceu um "Me desculpa..." e um outro "Boa noite".
O céu parecia mais longe naquela noite, inalcansável. 
E me deparei com o momento em que sonhava que tudo se dissipava. E era tão real, e tão bom!



3 Comentários:

Anônimo disse...

"Permaneci calada com os olhos fixos no teto."

faço tanto isso :*

Danielly disse...

Seus textos são sempre fortes
ja pensou em escrever um livro ?

TiiaD disse...

Sempre diz tudo.. como consegue ?!
Ótiimo texto :)

 
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