Eu sabia que era muita loucura
acreditar em tudo o que via e sentia, sabia que o mundo não era exatamente como
se apresentava aos meus olhos, porém, era envolvente demais para simplesmente
virar as costas.
(...)
O som da faca que cortava a carne
num instante depois cortava a minha pele e em seguida os meus ossos, não
demorou para perceber que naquele momento eu
era a faca! Eu era um turbilhão. Um vulcão!
(...)
Eu me misturava com o vento frio
que entrava pela porta entreaberta da cozinha. E num instante seguinte sequer existia
uma cozinha.
...De todos os pensamentos e
sonhos que se passava em minha mente eu sabia já ter tido e vivido todos eles! Encontrar-me
em um lugar escondida entre um sonho e outro me foi tão natural que eu não me
assustava com a minha face vinda do outro lado. Nem mesmo com a realidade me
pondo de frente comigo, fazendo com que eu me enxergasse de frente, ou com a
obrigação e o peso dos meus próprios olhos que me encaravam a cada passo dado.
Tudo parecia fazer parte de
sonhos ou vivências da minha infância. E eu realmente não conseguia mais
separar o que era sonho do que era real ou do que havia sido real um dia, pois
eu sabia que se insistisse nessa busca chegaria ao nada, e me conformei com o
que vivia no momento dado. Naquele mero instante, era real, então, concluí que
eu estava vivendo, e não havia necessidade alguma de trazer tais vivências não
vividas para a realidade já que tudo ali, naquele minúsculo espaço entre eu e eu (Um eu que até então acreditava conhecer, e o outro eu, o que me observava), se fazia real. Tudo
o que já existiu, existe, e existirá (em mim) nunca existiu! Concluí assustada
ao perceber que sou real e que existo.
Os meus sonhos caíram por terra.
Acordei.
| comente (:
Postar um comentário