27/04/2013

~~ Pelo que é meu por direito.



Esses dias estava conversando com a minha namorada quando ela pediu para que eu enviasse uma foto nossa para uma página na internet intitulada como “Beijos para Feliciano”, que está reunindo imagens de pessoas (homossexuais ou não) que não aceitam ele como representante dos direitos humanos.
Enviei a foto, não me arrependo, mas fiquei pensando, sozinha mesmo, em outras coisas que tinha ‘haver’ com o assunto... Veja Feliciano não me representa, realmente, mas não creio que um pastor homofóbico e racista vá representar muita gente. Estendendo a questão de ser ‘representado’ me deparei com o Fémem, grupo que se diz feminista, mas que só protesta de lingerie, e, bom, não para a minha surpresa, mas certamente foi uma tapa na cara de muita menininha por aí ler a bomba de que elas tinham um contrato com uma marca de lingerie e tudo que estavam fazendo era propaganda.
É tudo tão patético! E eu fico enojada de pensar que vivo nesse mundo e que não tem saída!
Assim como Feliciano não me representa como ser humano, as fémem não me representam como mulher.
O que podemos ver diante disso tudo é uma luta por direitos que nos privam diariamente de direitos básicos! Porque uma mulher gorda, por exemplo, não pode protestar, visto que ela é tão mulher quanto todas as ‘gostosinhas’ que estão peladas e gritando convencendo algumas minorias de que fazem protesto?  Porque um gay não pode casar com o companheiro que vive há anos, partilhando desde a maior alegria de sua vida até seu mais profundo desespero?
E nesse meu percurso lembrei-me de uma situação que me ocorreu quando eu ainda era uma criança.
Lembro que estava sentada na recepção do consultório do dentista com a minha tia, quando ela pegou uma revista ‘Veja’ e começou a ler uma reportagem sobre os homossexuais. A reportagem era sobre a luta dos homossexuais fora do Brasil pela aprovação de alguma lei que lhes garantisse o casamento (Sim, fora do Brasil, acredito que na época o assunto no Brasil sequer era questionado). Eu fiquei chocada! Desde sempre soube que era errado ser gay! E fiz questão de me pronunciar com as seguintes palavras: “Sou contra! Sem preconceito nem nada, mas eles não já vivem juntos, pra quê querer casar?”.
Mas eu era criança demais pra entender que o que leva uma pessoa a querer se casar com outra é o sentimento construído através de vivências pessoais e não pelo fato de serem pessoas de sexos opostos, eu, criança demais, não compreendia que o casamento foi criado pelo estado e que deveria ser um direito humano, fui contra.
Hoje eu me lembro dessa situação com clareza, pois vejo que mordi minha própria língua! E é até engraçado porque eu fico imaginando (e desejando ao mesmo tempo) como seria se todos os homofóbicos que são contra o casamento gay se apaixonassem por alguém do mesmo sexo? Será que eles não iriam querer garantir seus próprios direitos?
É MUITO fácil falar e se impor quando a gente tira o direito do outro, mas aí é que tá, e quando o outro tenta tirar O SEU direito? Porque simplesmente todo mundo não começa a respeitar o próximo? Sem aceitação nem nada, mas respeito de um ser humano pra outro.
Ah, e o que uma história tem haver com a outra? É fácil! Tudo que eu sou e construí até hoje foi construído a partir de experiências minhas, e somente minhas, então como eu poderia esperar que alguém, além de mim, me representasse (seja qual for o aspecto)? 




Hoje mais do que nunca EU me represento.
Sou mulher, sou homossexual, sou humana e quero os meus direitos.






| comente (:

 
Lady Owl ©Template por 187 tons de frio. Resources:falermpiard e magg.