Esses dias estava conversando com
a minha namorada quando ela pediu para que eu enviasse uma foto nossa para uma
página na internet intitulada como “Beijos para Feliciano”, que está reunindo
imagens de pessoas (homossexuais ou não) que não aceitam ele como representante
dos direitos humanos.
Enviei a foto, não me arrependo,
mas fiquei pensando, sozinha mesmo, em outras coisas que tinha ‘haver’ com o
assunto... Veja Feliciano não me representa, realmente, mas não creio que um
pastor homofóbico e racista vá representar muita gente. Estendendo a questão de
ser ‘representado’ me deparei com o Fémem, grupo que se diz feminista, mas que
só protesta de lingerie, e, bom, não para a minha surpresa, mas certamente foi uma
tapa na cara de muita menininha por aí ler a bomba de que elas tinham um
contrato com uma marca de lingerie e tudo que estavam fazendo era propaganda.
É tudo tão patético! E eu fico
enojada de pensar que vivo nesse mundo e que não tem saída!
Assim como Feliciano não me
representa como ser humano, as fémem não me representam como mulher.
O que podemos ver diante disso
tudo é uma luta por direitos que nos privam diariamente de direitos básicos!
Porque uma mulher gorda, por exemplo, não pode protestar, visto que ela é tão
mulher quanto todas as ‘gostosinhas’ que estão peladas e gritando convencendo
algumas minorias de que fazem protesto? Porque um gay não pode casar com o companheiro
que vive há anos, partilhando desde a maior alegria de sua vida até seu mais profundo
desespero?
E nesse meu percurso lembrei-me
de uma situação que me ocorreu quando eu ainda era uma criança.
Lembro que estava sentada na recepção
do consultório do dentista com a minha tia, quando ela pegou uma revista ‘Veja’
e começou a ler uma reportagem sobre os homossexuais. A reportagem era sobre a
luta dos homossexuais fora do Brasil pela aprovação de alguma lei que lhes
garantisse o casamento (Sim, fora do Brasil, acredito que na época o assunto no
Brasil sequer era questionado). Eu fiquei chocada! Desde sempre soube que era
errado ser gay! E fiz questão de me pronunciar com as seguintes palavras: “Sou contra! Sem preconceito nem nada, mas
eles não já vivem juntos, pra quê querer casar?”.
Mas eu era criança demais pra
entender que o que leva uma pessoa a querer se casar com outra é o sentimento
construído através de vivências pessoais e não pelo fato de serem pessoas de
sexos opostos, eu, criança demais, não compreendia que o casamento foi criado pelo
estado e que deveria ser um direito humano, fui contra.
Hoje eu me lembro dessa situação
com clareza, pois vejo que mordi minha própria língua! E é até engraçado porque
eu fico imaginando (e desejando ao mesmo tempo) como seria se todos os
homofóbicos que são contra o casamento gay se apaixonassem por alguém do mesmo sexo?
Será que eles não iriam querer garantir seus próprios direitos?
É MUITO fácil falar e se impor
quando a gente tira o direito do outro, mas aí é que tá, e quando o outro tenta
tirar O SEU direito? Porque simplesmente todo mundo não começa a respeitar o
próximo? Sem aceitação nem nada, mas respeito de um ser humano pra outro.
Ah, e o que uma história tem
haver com a outra? É fácil! Tudo que eu sou e construí até hoje foi construído
a partir de experiências minhas, e somente minhas, então como eu poderia
esperar que alguém, além de mim, me representasse (seja qual for o aspecto)?
Hoje mais do que nunca EU me
represento.
Sou mulher, sou homossexual, sou humana e
quero os meus direitos.
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