E se por acaso
eu chegasse a dizer que estava me preocupando ou sequer me importando com o
fato de não ter conseguido dormir nas últimas horas seria a maior mentira já
contada por mim nas últimas semanas, eu simplesmente não estava conseguindo e
isso não era algo que estivesse realmente me incomodando.
Olhei fixamente
o teto por horas, parecia que cada segundo demorava uma eternidade pra passar,
pois de fato, eles demoravam, mas não eram doídos ou esmagadores, não eram
amargos ou pesarosos, só angustiantemente demorados.
Ela; deitada ao
meu lado, uma sombra. Meio curvada como se fizesse uma prece, parecia chorar no
mais profundo silêncio; era um corpo solto em cima do colchão, um corpo quente
que se movia lentamente no ritmo de sua respiração, dormia.
Eu do meu lado,
em prontidão, vezes olhando o teto, vezes o relógio que me avisava que eu
precisava dormir, como um anúncio qualquer, daqueles que faz você passar horas
pensando e se distanciar ainda mais do seu objetivo, que, no meu caso, seria
dormir.
As paredes do
quarto, mofadas e encardidas me fizeram pensar em quando era criança e a casa
sempre era pintada antes do natal, pois era bonito passar natal e ano novo com
a casa bem arrumada... Nunca entendi bem o motivo daquilo, mas era bom o cheiro
de tinta fresca, as cortinas novas, o verniz na porta de entrada.
Quando percebi
que do lado de fora do quarto uma luz dourada surgia. Era o dia, quente e
acolhedor chegando mais uma vez (o que já estava se tornando rotineiro), sentei
na cama, ainda sem sono e despreocupada, agora mais ainda, pois o dia já tinha
dado os primeiros sinais de luz, o que é de grande importância pra mim que,
como criança, morro de medo do escuro! Foi o suficiente para me sentir
confiante para me levantar.
Direcionei-me
ao copo de água que estava no quarto, pois ela, sabendo do meu medo do escuro,
todas as noites leva água para o nosso quarto, para que eu não precise ir
sozinha até a cozinha com medo do bicho papão (mesmo tendo plena consciência da
sua inexistência). Segurei firmemente o copo entre as mãos, e bebi quatro goles
de água. Goles miúdos e distraídos, o que fez duas pequenas gotas se acumularem
dos dois lados da minha boca. Enxuguei com a língua, coloquei o copo de volta
no seu lugar e deitei.
Ela acordou, me
culpei um pouco por isso visto que não havia necessidade de partilhar da minha
insônia, ela um pouco preocupada perguntou: “Você ainda não dormiu nada?” timidamente balancei a cabeça para os
lados como um sinal negativo e ela como sempre tão meiga me abraçou e respondeu
“Não se preocupe, vou te colocar pra
dormir”. E de fato, eu dormi!
"Do nosso amor a gente é que sabe, pequena"
Sabe, faz dias
que isso aconteceu, mas ela sempre consegue de alguma forma me acalmar ou me
tirar de alguma situação que me prende e me impossibilita de ‘ir’ aonde quer que eu deseje. Só
escrevi sobre isso porque hoje ela me disse “Você devia voltar a escrever, voltar a fazer as coisas que ama!” e
com esse conselho-pedido me senti na
obrigação (não de escrever) de agradecê-la por permanecer na minha vida, me
ajudando a ser uma pessoa cada vez melhor. Hoje fazemos 6 anos e 8 meses de
namoro, no mais, parabéns pra nós meu
amor!
Cheiro do dia: O seu!
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