17/10/2013

~~ Carta 3



Como nunca dizemos nada, até colocar as palavras no papel parece ser tarefa difícil! Olha só o tamanho da loucura! Quem já se viu ser difícil escrever para o ‘nada’?
É meu bem, coloque-se no espaço que lhe cabe assim como tenho me colocado no meu, assim como temos nos colocado no nosso...
Só queria dizer que sinto saudades!
Sinto saudades de tudo o que não vivemos, de tudo o que não fizemos, de tudo o que não fomos. Sinto imensa falta das palavras que não foram ditas, mas em seus lugares foram colocados pontos finais. Parece piada! Quem já se viu colocar ponto numa frase que nem foi feita? Mas com você sempre pareceu funcionar assim.
Pois que eu diga agora tudo o que silenciei!
Ninguém precisa/va silenciar nada, ninguém precisa/va sumir, ninguém precisa/va de nada do que temos feito. Nem mesmo você! Não faz nenhum sentido!
E não cola dizer que “Mas parecia que vocês estavam gostando demais” quando tudo o que podemos fazer nessa vida é nos doar! A vida não nos dá tempo pra organizar as ideias quando a gente se sente ferido, mas a gente se utiliza disso pra ferir os outros por períodos indeterminados.
Eu me pergunto muitas vezes “Porque a gente fez isso? Parece que a gente fez tudo errado!” Mas eu me pergunto com um sorriso meio de canto de boca, sabe? Como se sentisse prazer na dor e respondo baixinho pra que quase ninguém escute “Porque sim! Porque é bom, e que se dane todo o resto!”.
A única coisa que me assusta é o fato de parecer ser assustador amar! Veja só que coisa! Soa-me muito assustador pensar que posso fazer algo nessa vida que não seja por conta disso, ou ao menos por conta das possibilidades de apaixonamento... E antes que se abra espaço para interpretações errôneas, minha leitura sobre paixão é MUITO distinta da que se encontra por aí. Mas um dia, se tivermos oportunidade de conversar, quem sabe, eu te fale sobre ela.
Eu queria mesmo que você soubesse que: Não, eu não pularia de um penhasco atrás de você, não eu não abriria mão da minha segurança, não eu não desistiria de tudo o que eu tenho e de tudo o que eu conquistei, não eu não me arriscaria feito uma louca, não eu não desistiria dos ‘projetos’ traçados pra minha vida, não, eu não faria nada disso! Mas eu aceitaria compartilhar muitos outros sorrisos, piadas, brincadeiras, loucuras e momentos. E que por ser tão fácil é que eu não consigo entender o motivo de agora, justo agora ser difícil!
Sim, sim, eu sei que no começo da carta disse que falaria tudo o que silenciei até então, mas quem sou eu para soar tão despretensiosa? Acredito ter dito o suficiente. E sim, é claro que eu amo você.


P.S. – “Uma menina me ensinou quase tudo que eu sei” e ela me disse uma vez algo que vou carregar sempre comigo, que foi: “A vida é muito simples, a gente é quem complica tudo! Basta viver!”.  Até depois!

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